Ninguém nunca teve nada
Freqüentou colégio público
Por método disciplinar de seu pai
Quando pedia dinheiro para o cinema
Sua mãe lhe dava uns trocados
Para bolinhos com caldo de cana na esquina
- Filme não enche barriga – ela dizia
Quando moço
Conseguiu ingressar na universidade
Enquanto sustentava a fome e o bolso como taxista
Entre uma corrida e uma oficina
Aprendeu mecânica de carros
E eletrônica em revistas
Até formar-se em engenharia
Na fase do desemprego
Trabalhou como simples técnico operário
Escondendo o diploma, o conhecimento apurado
E a antiga carteira de trabalho
Entrou em grande firma
Onde o vigia lhe dava sempre
- Bom dia, doutor.
Título que carrega até hoje consigo
Pela experiência e o reconhecimento
Nunca fez doutorado
Teve mulher e filhos
Viajou o Brasil e alguns países do mundo
Sempre a trabalho
Hoje ninguém
É alguém bastante respeitado
Trabalhou duro
Pelo conforto e estudo dos seus
Pensando no futuro
Apartamento na praia
Carro do ano
Casa de piscina
Agora faz parte
Do simpático clube dos seqüestráveis
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