Do Lixo e Da Natureza Humana

Ontem à noite resolvi revisitar as areias do Posto 7. Revisitar uma época de quando morava ali pertinho. Admirar o Mar, a Lua e revisitar também um jovem poeta que ali habitava. Seus pensamentos e sentimentos.

Cheguei de mansinho como quem pede licença, focado na imensidão do oceano, buscando concentrar bem naquela linha que limita, aos nossos olhos, o céu do sal.

Sentei e observei, durante um bom tempo, o brilho da Lua duelando com as nuvens escuras. Da linha que cerca o mar para cima, tudo estava lindo, mas tinha algo intranquilo naquela paisagem que ainda me era tão especial.

Fechei os olhos, talvez para espantar qualquer mal presságio, e assim fiquei por um bom momento. E mesmo que quase tudo estivesse vibrando positivamente, tinha algo que realmente me incomodava.

Resolvi averiguar. Abri os olhos e me deparei com o sobejo na areia da praia, o resto, os lixos e resíduos de um bicho que se acha esperto e ainda se chama de humano.

Dali, do alto da minha condição de desencanto, pensei:
- A Mãe Natureza é muito paciente.
E meu próprio pensamento me respondeu:
- É. Mas ela não esquece.

Arteiro

A arte de velar por seu amor
De elevar sorrisos
Em laços coloridos
De embrulhar abraços

A arte de compreender além
De aceitar aquém
De enxugar as bochechas
E se enxergar em quem há braços

A arte de aprender nas limitações
Pois quem, em coragem, amar
Também haverá de se deixar apaixonar
Na liberdade das verdadeiras lições

Cobertor

Bate no peito e ecoa
Pois certo que nesse tom
Como que humildemente
Limpa os pés e pede alento
Eis quem bate é o tempo
E confunde o sentidos
Pois que achas
Com todas as certezas
Que a maturidade deseja
É apenas o vento
Na madeira do quarto
Mas no fundo sabes
Outra entidade pede passagem

Os Anjos e a Cidade


Mesmo que o mundo não entenda
Eu sei bem como bem me faz

Mesmo que chova lágrimas
E delas se façam correntezas
Mesmo que ressoem trovoadas
É nas cobertas que a chuva termina
E orvalhos nos saltam à face

E mesmo que digam
Que laços se desfazem
Eu respondo entre agulhas e linhas
Que retalhos também se completam

Navega Vôa (Est Anima)


Morena com gosto de renda-tupi-guaraná...
Balança o vestido de chita na beira da praia...
Chega com jeito maroto sorriso irradia...
Tem cheiro de mel e de moa que me atraia...

Tem pele de louça essa moça é prata da rara...
Dou casa, comida e carícia, e roupa lavada...
Teu ventre é de fato, é de feto, de frio e de fada...
Tão quente teu corpo te quero bem dentro da alma...
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vesteme.blogspot.com - escritos de 2006...


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